a Ferreira Gullar
a casa é sempre presença
chão com falhas
que esconde o cisco de ovo
não varrido
a casa recende a café da manhã
e a outros cheiros
de um dia começando
misturado aos ficados da noite
a casa é o trabalho dos anos
a oclusão dos cantos
a ruminação dos insetos
a casa é o vento da tarde
é a espera pela chuva
para o viver do telhado
a casa é a saudade
é o beiral de abrigar ninhos
a algaravia das andorinhas
amor de pai/prontidão de filho
promessas de eternidade
a casa é vinho do porto
acalentando a noite fria
noite de amor lúbrico
a casa é choro de criança
lugar de morte e vigília
a casa é a casa da fazenda
avistando da varanda
os pastos no vale umbrífero
lá no longe da memória
a casa é útero ubérrimo
a parir aconchegos
e a preguiça doce do não-ser
a casa é sempre presença
chão com falhas
que esconde o cisco de ovo
não varrido
a casa recende a café da manhã
e a outros cheiros
de um dia começando
misturado aos ficados da noite
a casa é o trabalho dos anos
a oclusão dos cantos
a ruminação dos insetos
a casa é o vento da tarde
é a espera pela chuva
para o viver do telhado
a casa é a saudade
é o beiral de abrigar ninhos
a algaravia das andorinhas
amor de pai/prontidão de filho
promessas de eternidade
a casa é vinho do porto
acalentando a noite fria
noite de amor lúbrico
a casa é choro de criança
lugar de morte e vigília
a casa é a casa da fazenda
avistando da varanda
os pastos no vale umbrífero
lá no longe da memória
a casa é útero ubérrimo
a parir aconchegos
e a preguiça doce do não-ser
Um comentário:
... nesse útero transbordo em devaneios ao ler esses belos versos...
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