A Perfeição

Sigo sonhando com mulheres
de seios fartos e de corpos quentes.
Em meus sonhos, que se repetem
os seus corpos reincidem em mim
a alma de um pintor renascentista.
Tomo então estes corpos
como pranchas imaculadas
prontas para se preencher
com as mais vivazes cores da paleta;
o ocre, vermelho carmim
o amarelo ouro palestina
o verde da profusão marinha
o azul prussiano
tintas espalhadas, secas e molhadas
por minha saliva, minha ávida língua
no fio da terebintina.
Ao final, então, a perfeição de um ícone
Renascentista, de uma mentira bem acabada
plástica e vazia, mas perfeita
como a ilusão um quadro falso
no quarto de dormirsobre uma parede nua, lisa e fria.

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